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Eu sabia sobre machismo, mas não pensava muito nisso, e quando tomei consciência, comecei a notar em toda parte, cada vez mais. Não sou uma pessoa muito agressiva por natureza, então seguir minha carreira me demandou muito trabalho, emocionalmente. Sabe, eu tive que exercitar músculos que não tinha naturalmente. Então conseguir falar por mim mesma, falar mais alto que as pessoas próximas ou conseguir expressar minha voz na sala. Sabe, eu tive que aprender na marra, pois eu queria muito me tornar cineasta. O violino é algo que meus pais queriam que eu tivesse quando fosse dona de casa, criando filhos, que eu tivesse algo para mim. Eu fui percebendo, cada vez mais, que aquilo era eu, o violino era eu mesma, desde o começo, e. E que eu amava aquilo. Agora eu tenho uma carreira. Tenho essa vida fantástica. E essa foto minha é de mim começando a escutar minha voz interior. Quando John e eu nos divorciamos, eu nunca havia preenchido um cheque, ele limpou nossas contas bancárias, eu nunca recebi pensão alimentícia nem nada do tipo. Tive que lutar pelo meu dinheiro, o qual eu já havia ganhado. Eu precisava cuidar de mim mesma, da minha vida. Chegou um momento em que eu disse: “Nunca mais. Isso nunca mais vai acontecer comigo.” E não aconteceu. Houve uma época em que fiz algumas peças que chamei de apocalípticas, em que sentia que o papel do artista era mostrar o problema, ser um espelho da sociedade. Então pensei: “Prefiro oferecer um antídoto.” Dá para pensar na arte como uma cura, e as pessoas parecem, até onde vejo, inspiradas por isso. Tive a sorte de me apresentar em Damasco, em , com meu conjunto, e amo essas pessoas, amava tanto meus alunos e as pessoas que conheci em Damasco, o povo sírio. Muito generosos. Eu estive em países na minha vida, mas acho que nunca vou esquecer o período em Damasco. Então quando começou a guerra na Síria, eu fiquei destruída. Eu literalmente chorava ouvindo rádio. E isso aconteceu após o de Setembro. Nós nos perguntávamos: “Por que fazemos arte? Que diferença isso faz no mundo?” Acho que quando fazemos algo que amamos, é como jogar uma pedra na piscina,
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